quinta-feira, 28 de junho de 2012

Amor de Mãe

Fiquei estupefato quando vi a notícia da mãe que aparece tranquilamente em um vídeo de segurança entrando com seus dois filhos no prédio onde mora na Rússia e no momento seguinte, alguns minutos depois de atirá-los do 15º andar, saindo como se nada houvesse acontecido. Ao ser abordada pelos vizinhos que gritavam apavorados: 'não são seus filhos que acabaram de cair do prédio?' ela simplesmente dizia 'são sim, eu mesmo os joguei'. E quando perguntaram a ela o motivo: 'estava com o saco cheio deles'.

Ver crianças saltitando de infantil alegria em um momento e estateladas no chão minutos depois e ainda saber que a causadora da queda fatal foi a própria mãe me deixou bastante desconfortável. Então decidi procurar respostas. O que levaria uma mãe a fazer coisa deste tipo? Fui ao Google e digitei 'mãe mata filhos' e qual não foi a minha surpresa ao ver a inúmera quantidade de casos. E muitos deles com requintes macabros de crueldade, como uma mãe de Jundiaí que decapitou o filho de 6 anos e abriu o peito da filhinha de 1 ano com uma serra elétrica. Mãe que comeu o filho, mãe que os estrangulou o bebê porque ele, chorando, não a deixava jogar Farmville, mãe que matou os filhos porque não queria entregá-los à guarda do pai...

Os casos se empilham em páginas e páginas de horror, todos em jornais renomados, confirmados por outros e mais outros. Eu gostaria muito que tudo não passasse de sensacionalismo de blogueiros funestos, mas não é. Então me pego apavorado pensando no que ainda significará o termo 'amor de mãe'. Sempre usamos esta frase para nos referir ao mais puro e desinteressado de todos os sentimentos humanos. E agora somos soterrados por notícias e mais notícias de mães que abandonam seus fetos em lixeiras ou jogam seus bebês me córregos e agora, que matam seus já crescidinhos filhos como não matariam galinhas. Entendo melhor minha tácita indignação ante à enorme comoção que vem causando maltratar um animal contrastando com a gélida indiferença diante casos de infanticídio materno. Ninguém dá a mínima!
Me lembro da minha mãe, brava comigo por alguma besteira que fiz, algumas vezes até me dando uns tapas. Lembro que sentia que tinha feito coisa errada, especialmente por ter deixado alguém normalmente tão terna e carinhosa comigo ficar tão brava. Mas tinha certeza de que, passada a crise, poderia contar com carinho, apoio e proteção. Hoje, os pais cercam seus filhos com artifícios para se escusarem de ser pais e não conseguem ver que isso os afasta inexoravelmente do seu papel mais nobre na vida. E quando todo o inalcançável vento que perseguem desaparece, voltam frustrados para suas casas e descarregam toda a ira represada por uma vida fútil e sem sentido em suas pobres crianças.

E assim vamos indo rumo ao fim. Até lá, que atrocidades ainda teremos que presenciar?

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