Fiquei estupefato
quando vi a notícia da mãe que aparece tranquilamente em um vídeo
de segurança entrando com seus dois filhos no prédio onde mora na
Rússia e no momento seguinte, alguns minutos depois de atirá-los do
15º andar, saindo como se nada houvesse acontecido. Ao ser abordada
pelos vizinhos que gritavam apavorados: 'não são seus filhos que
acabaram de cair do prédio?' ela simplesmente dizia 'são sim, eu
mesmo os joguei'. E quando perguntaram a ela o motivo: 'estava com o
saco cheio deles'.
Ver crianças
saltitando de infantil alegria em um momento e estateladas no chão
minutos depois e ainda saber que a causadora da queda fatal foi a
própria mãe me deixou bastante desconfortável. Então decidi
procurar respostas. O que levaria uma mãe a fazer coisa deste tipo?
Fui ao Google e digitei 'mãe mata filhos' e qual não foi a minha
surpresa ao ver a inúmera quantidade de casos. E muitos deles com
requintes macabros de crueldade, como uma mãe de Jundiaí que
decapitou o filho de 6 anos e abriu o peito da filhinha de 1 ano com
uma serra elétrica. Mãe que comeu o filho, mãe que os estrangulou
o bebê porque ele, chorando, não a deixava jogar Farmville, mãe
que matou os filhos porque não queria entregá-los à guarda do
pai...
Os casos se empilham em
páginas e páginas de horror, todos em jornais renomados,
confirmados por outros e mais outros. Eu gostaria muito que tudo não
passasse de sensacionalismo de blogueiros funestos, mas não é.
Então me pego apavorado pensando no que ainda significará o termo
'amor de mãe'. Sempre usamos esta frase para nos referir ao mais
puro e desinteressado de todos os sentimentos humanos. E agora somos
soterrados por notícias e mais notícias de mães que abandonam seus
fetos em lixeiras ou jogam seus bebês me córregos e agora, que
matam seus já crescidinhos filhos como não matariam galinhas.
Entendo melhor minha tácita indignação ante à enorme comoção
que vem causando maltratar um animal contrastando com a gélida
indiferença diante casos de infanticídio materno. Ninguém dá a
mínima!
Me lembro da minha mãe,
brava comigo por alguma besteira que fiz, algumas vezes até me dando
uns tapas. Lembro que sentia que tinha feito coisa errada,
especialmente por ter deixado alguém normalmente tão terna e
carinhosa comigo ficar tão brava. Mas tinha certeza de que, passada
a crise, poderia contar com carinho, apoio e proteção. Hoje, os
pais cercam seus filhos com artifícios para se escusarem de ser pais
e não conseguem ver que isso os afasta inexoravelmente do seu papel
mais nobre na vida. E quando todo o inalcançável vento que
perseguem desaparece, voltam frustrados para suas casas e descarregam
toda a ira represada por uma vida fútil e sem sentido em suas pobres
crianças.
E assim vamos indo rumo
ao fim. Até lá, que atrocidades ainda teremos que presenciar?