sábado, 14 de junho de 2008

Qualidade Total

Todos os dias, quando chego em casa, cansado do trabalho, depois de brincar um pouco com meus filhos eu ligo a TV para ver o que já havia ouvido no rádio - novidades, news, notícias. Estranhamente, de uns tempos para cá tenho notado que a coisa está ficando cada vez mais deprimente. Para cada 20 notícias ruins, tem-se uma neutra e nenhuma boa de verdade.
Depois de passarmos mais de mês ouvindo e vendo o que se descobriu de verdade sobre o pai que matou a filha, voltamos ao lamaçal político onde os suínos que representam a sociedade dão prova de que realmente representam a sociedade. Digo isso porque não são porcos apenas os políticos corruptos, mas a sociedade toda entrou no lamaçal de porquice cultural, moral e ética.
Um dia destes, zappeando pelos poucos canais abertos de minha TV, presenciei repórteres desperdiçando tempo com uma matéria interessantíssima, da qual depende toda a vida na Amazônia: quem tem o traseiro mais bonito, a sobrinha da Gretchen ou a Mulher Melancia. E sabe por que esse tipo de matéria? Porque dá audiência. Por que a mídia está cheia de lavagem (no sentido duplamente figurado)? Porque é o que a porcada cultural consome. Não podemos esquecer que não é a mídia a culpada pela cultura podre da sociedade e sim o contrário. Sendo mais precisos uma coisa é conseqüência da outra, ou seja, é a relação Tostines.
Como bom morador de periferia, uso muito a condução pública e todos os dias presencio a fraqueza de caráter a que a população está se submetendo. Até na questão “ceder lugar aos especiais”, a lei que impera é: primeiro eu, depois eu e aí sim, EU. O egocentrismo impera.
Tem gente boa? Tem sim, mas está tão difícil como ouvir uma notícia boa, ou ouvir uma conversa boa ou ler um livro bom. O bom, no mundo das excelências e da qualidade em que supostamente vivemos é a sagrada exceção.